Luciano Pereira da Silva (1864-1926)


Quando se aproxima o encerramento da I Semana de Astronomia— uma experiência muito positiva, certamente a repetir em próximos anos —, aqui fica um breve registo biográfico do seu patrono, o insigne professor e cientista caminhense Luciano Pereira da Silva:

Luciano António Pereira da Silva, nasceu em Caminha, no Terreiro, em 21 de Novembro de 1864. Fez o exame de instrução primária e depois os estudos secundários em Viana do Castelo, concluindo-os no Porto no Colégio S. Carlos. Em 1879 matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde se formou em Matemática, a que se seguiu o curso de Engenharia Militar na Escola do Exército. Regressou então à academia coimbrã onde fez o doutoramento com a classificação de 18 valores, ascendendo a Catedrático de Cálculo Diferencial e Integral em 1902 e ocupando alguns dos cargos mais importantes na Universidade e no Observatório de Astronomia. Anos mais tarde, foi igualmente professor e director da Escola Normal Superior de Coimbra (1915-1924). Tem uma vasta obra publicada de grande interesse científico, muito pelo seu carácter interdisciplinar. Cruzando a sua formação de base, as Matemáticas e a Física Astronómica, com a História e a Literatura, Luciano Pereira da Silva estudou a ciência náutica e os conhecimentos astronómicos dos portugueses dos séculos XV e XVI — pelas obras, entre outros, de Duarte Pacheco Pereira, D. João de Castro, Pedro Nunes e Luís de Camões — destacando-se o seu livro Astronomia dos Lusíadas publicado em 1915. Para além da vida académica, ainda desempenhou cargos de direcção na área dos seguros e também teve intervenção política no final do regime monárquico: foi Deputado pelo Partido Regenerador em 1903-1905 e Governador Civil de Coimbra em 1909-1910. Cosmopolita e com disponibilidade pessoal e financeira, viajou pelos diversos países da Europa, Egipto e Palestina. Em 1916, comprou uma casa solarenga, do século XVIII, no Terreiro (na esquina da Rua 16 de Setembro) onde passou a residir nos períodos de permanência em Caminha, terra natal sempre muito acarinhada, sobre a qual publicou o estudo Roca ao Norte (1918). Morreu em 18 de Agosto de 1926, três dias depois de ter sido esfaqueado em pleno Terreiro de Caminha, em dia de Feira, por um louco a quem costumava dar esmola.

Paulo Torres Bento (In RUAS DE CAMINHA, 2009)

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