José Saramago (1922-2010)


memoriae

memorial do convento
o ano da morte de ricardo reis
a historia do cerco de lisboa
a jangada de pedra
o evangelho do caim
o homem duplicado ensaiando a cegueira nas intermitências da morte
historia do elefante viajando mundos e cadernos de lanzarote
um silencio absurdo e triste ouvido nas notícias mostra a morte abrupta
crente na longa vida do homem escritor quase mito a noite fita esta foto
o mestre literato transparece no gesto militante
incansável solidário recorda a ironia infamante do lara
humanizando utópicos encontros une e divide as causas dos homens
sabe as histórias críticas da história
revendo o ibérico sentido de nós
buscando a narrativa e estórias de todos os homens levantados do chão
no momento deste pêsame esvoaçam gritos de rodopios das andorinhas
do fim da tarde saem ecos das palavras do rosto da generosidade
das horas universais do português nobel
o manual de pintura e caligrafia desenha coisas e homens
o azul do céu movimenta as brancas nuvens
emergem os sentidos da interioridade humana
na prosa das acções e as metáforas vai o gozo do leitor
instante do desaparecimento faz esquecer o racional sentido da erudição gramatical
a sintaxe ou a semântica das palavras apenas podem dizer te Saramago
até sempre e muito obrigado.


19-6-2010, José Araújo

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