A cidade em Fernando Pessoa foi o tema, entre outros possíveis para abordar o complexo universo pessoano, da palestra da Professora Doutora Rita Patrício aos alunos e professores do 12ºano que ontem decorreu no Auditório. Exemplificando com excertos de poemas, a docente da UM evidenciou a dialéctica existente entre os diversos heterónimos de Pessoa a esse propósito, desde Alberto Caeiro, o poeta campestre da anti-cidade, a Álvaro de Campos, o engenheiro amante da vida urbana: “Há poesia em tudo…na cidade também…na trepidação dos carros nas ruas”. Com Cesário Verde como precursor oitocentista, o poeta do Orpheu, através de Campos, mostrou que aprendera a lição do mestre Caeiro (“o modo directo de sentir”) mas fazendo da cidade uma nova natureza (o artificial pode ser tão belo como o natural), mais adequada ao mundo moderno do início do século XX. Porém, Campos e o seu entusiasmo quase frenético pela grande cidade universal não perdurariam e, sobretudo a partir de 1920, perde-se a euforia inicial para apenas ficar a imensa monotonia de uma cidade de Lisboa no fim da Primeira República percorrida pelo poeta solitário e nostálgico: “Lisboa com as suas casas de várias cores, Lisboa com as suas casas de várias cores…”. A Professora Rita Patrício, que esteve acompanhada na mesa pela docente de Português do 12º ano, Cristina Pereira, terminou a sua palestra com Bernardo Soares e o seu “Livro do Desassossego”, que no fundo sintetiza as experiências e os percursos dos outros heterónimos e do próprio Eu de Pessoa, com uma simples mas sábia lição de vida que vale tanto para o campo como para a cidade: “Se eu tivesse o mundo na mão, trocava-o, estou certo, por um bilhete para a Rua dos Douradores”.
A cidade em Fernando Pessoa foi o tema, entre outros possíveis para abordar o complexo universo pessoano, da palestra da Professora Doutora Rita Patrício aos alunos e professores do 12ºano que ontem decorreu no Auditório. Exemplificando com excertos de poemas, a docente da UM evidenciou a dialéctica existente entre os diversos heterónimos de Pessoa a esse propósito, desde Alberto Caeiro, o poeta campestre da anti-cidade, a Álvaro de Campos, o engenheiro amante da vida urbana: “Há poesia em tudo…na cidade também…na trepidação dos carros nas ruas”. Com Cesário Verde como precursor oitocentista, o poeta do Orpheu, através de Campos, mostrou que aprendera a lição do mestre Caeiro (“o modo directo de sentir”) mas fazendo da cidade uma nova natureza (o artificial pode ser tão belo como o natural), mais adequada ao mundo moderno do início do século XX. Porém, Campos e o seu entusiasmo quase frenético pela grande cidade universal não perdurariam e, sobretudo a partir de 1920, perde-se a euforia inicial para apenas ficar a imensa monotonia de uma cidade de Lisboa no fim da Primeira República percorrida pelo poeta solitário e nostálgico: “Lisboa com as suas casas de várias cores, Lisboa com as suas casas de várias cores…”. A Professora Rita Patrício, que esteve acompanhada na mesa pela docente de Português do 12º ano, Cristina Pereira, terminou a sua palestra com Bernardo Soares e o seu “Livro do Desassossego”, que no fundo sintetiza as experiências e os percursos dos outros heterónimos e do próprio Eu de Pessoa, com uma simples mas sábia lição de vida que vale tanto para o campo como para a cidade: “Se eu tivesse o mundo na mão, trocava-o, estou certo, por um bilhete para a Rua dos Douradores”.
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