Destinado aos alunos de Português do 11º ano, decorreu no dia 25 de Fevereiro no Auditório da EB 2,3/S de Caminha mais um seminário dedicado a autores portugueses realizado no âmbito do protocolo celebrado entre a Rede de Bibliotecas de Caminha e a Universidade do Minho. No centro das atenções esteve desta vez Eça de Queirós (1845-1900) através da comunicação Eça e Os Maias: sob o signo da tragédia apresentada pela Professora Doutora Maria do Carmo Mendes, docente do Departamento de Estudos Portugueses e Lusófonos da UM, onde lecciona os cursos de licenciatura e faz investigação na área da Teoria da Literatura e da Literatura Portuguesa.
A palestra iniciou-se com uma breve introdução em que foi explorada a relação entre a tragédia clássica e o contexto histórico e literário oitocentista em que viveu e escreveu Eça de Queirós. Primeiro difícil, pelo positivismo e realismo dominantes, mas na fase final da produção intelectual do grande escritor português — a das Lendas dos Santos ou do Mandarim — compatível com a emergência do decadentismo e do vencidismo entre os representantes da Geração de 70.
Prosseguindo a palestra, a Professora Maria do Carmo Mendes passou a analisar Os Maias (1888) sob o signo da tragédia, assinalando as marcas desta em diversas passagens da obra maior de Eça: (1) o incesto, enquanto ruptura com a normalidade que atinge a personagem (feliz) de Carlos Eduardo; (2) o destino (fatum), presente em detalhes como a escolha do nome do mesmo Carlos Eduardo a partir do derradeiro Stuart — Carlos I de Inglaterra, decapitado em 1649; (3) os presságios, discerníveis em determinadas escolhas de cores, flores e ambientes; (4) o desenvolvimento da tragédia, de uma peripécia casual — um ou enunciado por Guimarães a Ega — ao reconhecimento da mesma e à inevitável catástrofe que afecta acima de todas a personagem que encarna os valores da Pátria, Afonso da Maia, cujo falecimento representa pois simbolicamente a morte de Portugal.
Na parte final desta aula aberta, fiel à temática da sua tese de doutoramento — Don Juan na Literatura Portuguesa: recepção de um mito literário (2006) —, a Professora Maria do Carmo Mendes identificou nas características e comportamentos de Carlos Eduardo os traços do herói renascentista Don Juan que encontrou na amante-irmã Maria Eduarda a femme fatale que o elevaria à felicidade antes de o fazer cair no infortúnio.
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