O Dia Mundial da Poesia celebra-se todos os anos no dia 21 de março. O
Clube de Jornalismo assinalou-o com o registo de dois belos poemas de João
Pedro Mésseder, escritor que o Ricardo Castro (ilustrador sempre atento do
Clube) também já desenhou e publicou neste blog.
A Ana
A Ana acorda,
abre as asas da cabeça
e asinha põe-se a cismar,
depois as asas da voz
e asinha põe-se a cantar,
depois as asas dos pés
e asinha põe-se a correr,
depois as asas das mãos
e asinha põe-se a brincar.
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Todo o dia abre as asas,
todo o dia corre a casa,
põe a sala em polvorosa.
Quando cai enfim a noite,
cansada de tanto reinar,
cansada de tanto bulir,
a Ana fecha as asinhas,
num ápice fica a dormir.
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Formas (1)
Tem a forma
da redoma.
Chama-se
segredo.
Tem a forma
da chuva.
Chama-se
dor.
Tem a forma
de um muro.
Chama-se
tristeza.
Tem a forma
de uma pedra.
Chama-se
sílaba.
Tem a forma
da laranja.
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Chama-se
desejo.
Tem a forma
de uma árvore.
Chama-se
mãe.
Tem a forma
de uma chave.
Chama-se
pai.
Tem a forma
de um pássaro.
Chama-se
filho.
Tem a forma
da liberdade.
Chama-se
vento.
João Pedro Mésseder, Versos com Reversos
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